Linhas de pesquisa ▹ Antropologia Política
A linha de pesquisa Antropologia Política, em um sentido amplo, trata da reflexão sobre a arregimentação e mobilização de elementos dispersos e heterogêneos – forças, práticas discursivas, matérias, símbolos, conceitos, tecnologias, documentos, seres vivos, entre outros – que culminam em variadas formações concebidas e vividas como políticas: a democracia representativa, a economia, o estado, a cooperação internacional, guerras e conflitos, mercados financeiros, por exemplo. Trata-se de descrever analiticamente, em nível experimental e etnográfico, os modos como se pensam e realizam estas formações, mas também, e particularmente, modalidades de problemas levantados em meio a estas experimentações com especial ênfase na descrição de relações que se colocam para o pensamento nativo como envolvendo algum nível de poder, hierarquia ou violência, bem como na descrição de teorias nativas que se configuram como teorias políticas, ou da política. Uma quantidade importante, sobretudo por conta de sua diversidade de temas e objetos, vem sendo, deste modo, desenvolvida no âmbito desta linha no PPGAS/UFSCar, versando sobre formações familiares, apropriações da burocracia, trocas internacionais, organizações guerreiras, associações indígenas, coletivos criminais, mercados variados, discursos jurídicos, e ecologias divergentes. Ainda que muito diversas, elas trazem a si, acopladas, reflexões teórico-metodológicas que emergem do duplo encontro com os interlocutores em campo e com a literatura que cada objeto de estudo impõe. Dessas conexões, problemas comuns aparecem, abrindo franca possibilidade de diálogo entre as diversas pesquisas. Trata-se, por exemplo, de refletir sobre como etnografar eleições sem tomar por suposto um ideal de representação democrática; de pensar os órgãos governamentais sem partir do Estado-uno delineado pela filosofia política; ou, ainda, de como etnografar relações de cooperação internacional sem pautar a análise pela ideia de um sistema mundial. Democracia, nação, ordem pública, governança global tornam-se, no lugar de atalhos explicativos, os alvos mesmos da descrição etnográfica. O esforço analítico vai além da apreensão da perspectiva nativa, e inclui a comparação entre teorias e problematizações nativas (de origens das mais diversas) e teorias acadêmicas. Essas últimas não mais embasam ou contextualizam as formações políticas etnografadas, mas possibilitam operar contrastes que revelam, a um só tempo, as versões nativas e as versões autorizadas, legitimadas, instituídas sobre o pensamento e a realização do político.
Docentes participantes
Andressa Lewandowski
Catarina Morawska Vianna
Iracema Dulley
Jorge Mattar Villela