Linhas de pesquisa ▹ Antropologia Urbana
A linha de pesquisa Antropologia Urbana consiste numa atividade investigativa que não deixa de remontar às primeiras experiências etnográficas no interior da disciplina, já anteriores ao século XX, notadamente as centradas nas metrópoles como marco de processos de urbanização e mudança social. Hoje, busca um diálogo mais amplo com outras subáreas, abarcando significativo leque teórico, metodológico e temático de investigações. O fenômeno urbano é problematizado pelas pesquisas reunidas nesta linha a partir do recorte empírico denominado de cidade, mas que não é necessariamente o único. A cidade é tomada não somente como palco de transformações sociais, mas mapa simbólico e condição de possibilidade de fenômenos variados. Não obstante o fenômeno urbano em si, há expressiva multiplicidade de fluxos entre comunidades, cidades, nações, Estados, loci de grupos e demandas sociais específicas. Por essa via, podemos notar grupos indígenas, comunidades rurais e quilombolas, imigrantes, grupos étnicos distintos que cada vez mais reivindicam seu lugar nos complexos urbanos a partir de um conjunto de práticas políticas. Incluem-se ainda nesse rol de investigações outros fenômenos, tais como os movimentos migratórios, deslocamentos e circulações de capital, bens, pessoas e ideologias, perfazendo a construção de territorialidades, fronteiras e espaços. O diálogo com as outras duas linhas de pesquisa do Programa é, desta forma, pressuposto e tem acontecido com bastante frequência, tanto do ponto de vista empírico (presença de Estado, conflito, cooperação nas cidades, povos indígenas em contextos urbanos, migrantes rurais) quanto teórico, dada a importância da etnologia ameríndia, por exemplo, para o campo mais amplo da Antropologia. Destacam-se, ainda, na linha de pesquisa em Antropologia Urbana, investigações que envolvem questões relativas à família e parentesco, ao conjunto mais ampliado da socialidade verificada nas várias frações sociais que imprimem ritmos às experiências nos bairros e nas regiões centrais ou periféricas, cujas práticas disputam poderes simbólicos, trazendo a dinâmica de uma sociabilidade de base constitutiva da experiência urbana. Desse modo, grupos de interesses variados, demandas de jovens por estilos e comportamentos musicais e esportivizados, mas também a produção em escala de megaeventos, tão próprios da dinâmica do consumo nas sociedades de massa como esportes, práticas devocionais, enfim, formam a fecunda produção estilizada de modos de vida que delimitam um horizonte de práticas sociais de interesse direto da antropologia urbana, somados aos processos sociais de fabricação da pessoa moderna, da memória, passando ainda por temas como corporalidade, saúde e religiosidade. Nesta linha se inserem ainda pesquisas específicas sobre a obra de Claude Lévi-Strauss, sua noção de “sociedades a casas”, a formação das cidades (tema inicialmente desenvolvido em Tristes trópicos), a circulação de signos, objetos e pessoas, a religião, a arquitetura e a arte em sociedades complexas.
Docentes participantes
Igor Renó Machado
Luiz Henrique de Toledo
Marcos Lanna
Laboratórios e Grupos de Pesquisa Associados
LEM – Laboratório de Estudos Migratórios
LELuS – Laboratório de Estudos das Práticas Lúdicas e Sociabilidade (LELuS)